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Tânia Fortuna

Kit básico de sobrevivência

“É importante entender que a capacidade de brincar não é inata, ela se constrói, nasce, se desenvolve. Isso quer dizer que ela também pode definhar e morrer, se não tiver condições propícias para o desenvolvimento.”

A gaúcha Tânia Fortuna, que é pedagoga, explica, fascinada, a importância de brincar para a sobrevivência do homem. "A gente nasce com as condições prévias para brincar. Nascemos com a percepção, a capacidade de imaginar e comunicar. Mas a brincadeira não nasce pronta, ela precisa ser desenvolvida. Ela é como um kit básico de sobrevivência da espécie." Fortuna criou o programa "Quem Quer Brincar?", que ajuda a formar professores que colocam brinquedos e brincadeiras de volta na sala de aula.

O que define a capacidade de brincar?
Para que a gente diga que alguém está brincando, é preciso que exista liberdade de ação, não-literalidade (as coisas podem não ser aquilo que parecem ser), regularidade (ter regras), imprevisibilidade e expressividade. Outra característica é o caráter "separado" do brincar. É como se uma bolha de sabão envolvesse quem está brincando. O tempo é diferente, e o espaço que o sujeito ocupa quando está brincando também. A última característica é a improdutividade. Quem brinca não brinca para produzir nada. Brinca por brincar.

Essa capacidade nasce com o ser humano?

Não. A gente nasce com as condições prévias para brincar. Nascemos com a percepção, a capacidade de imaginar, a capacidade de comunicar. Mas a brincadeira não nasce pronta, ela precisa ser desenvolvida. Ela é como um kit básico de sobrevivência da espécie. E os seres humanos parecem precisar mais dela do que outras espécies.

Por quê?

Porque brincando se aprende aquilo que nós vamos precisar para viver. Os anfíbios e os répteis não brincam, porque já nascem sabendo quase tudo o que necessitam. O bebê humano nasce sabendo muito pouco, precisa aprender o resto. A brincadeira é o meio desse aprendizado nos primeiros anos de vida. É por isso que as espécies são mais brincalhonas na infância.

O que aprendemos ao brincar?

Aprendemos a distinguir o real do não-real. E, ao fazê-lo, aprendemos também a imaginar aquilo que não existe. Quando uma criança amarra um lençol no pescoço e sai "voando", ela é como se fosse uma capa que dá poderes mágicos. Mas a criança sabe que não pode voar. A brincadeira nos faz travar essa fantástica relação com a realidade, sem nos aprisionarmos a ela, procurando superá-la e ajustar o real ao imaginário.

Por que aprender a diferença entre real e não-real é importante para a sobrevivência?

Para distinguir os perigos concretos dos ilusórios e, principalmente, para saber construir o real depois. Quando eu faço de conta no castelinho ou quando finjo que sei voar, estou medindo as minhas possibilidades reais de enfrentar a vida. A brincadeira é um campo de experimentação sem riscos. Posso até dizer coisas ruins, mas o fato de ser brincadeira atenua isso. Mesmo assim eu consigo enfrentar o medo, a raiva e os impulsos destrutivos.

Como nasce a necessidade de brincar na vida de um bebê?

Quando o bebê tem quatro ou cinco meses, acontece uma revolução na sua vida, porque, até então, ele pensa que é a mãe, a grade do berço, a roupa. Na medida em que experimenta o mundo, ele descobre que tem limites corporais, que não é um só com a mãe e as outras coisas. Quando percebe isso, ele "inventa" uma coisa que o vincule ao resto do mundo. Essa coisa é o travesseirinho que ele carrega para cima e para baixo, por exemplo. Esse objeto logo cede lugar a um ursinho de pelúcia ou uma bonequinha. Do ponto de vista da psicanálise, a brincadeira surge nesse momento, para fazer uma ponte entre a percepção de que somos incompletos ao desejo que temos de nos ligar ao mundo. A brincadeira é o que une o que existe ao que não existe, o que nós somos ao que não somos.

O que fazer para desenvolver a capacidade de brincar?

É fundamental ter um espaço para a ação física e mental. Poder agir com a cabeça e com o corpo propicia o desenvolvimento da brincadeira. Por exemplo, um carrinho de controle remoto que anda sozinho inibe a ação da criança de brincar sobre o brinquedo, porque ela só o assiste andar. O que torna um objeto brinquedo é a ação de brincar com ele. Outra coisa importante é a transmissão da cultura lúdica. Hoje, as crianças convivem muito menos com crianças de idades diferentes da sua e com adultos. Isso é um fenômeno recente e ainda não sabemos que efeito isso terá na transmissão do repertório, mas o nosso papel é estimular a socialização. Se isso se perder, estaremos sendo privados de parte do nosso patrimônio cultural, que levou muito tempo para ser construído.

Arquivo Pessoal Tânia Fortuna
 
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