Orquestra de vidro
O poeta Fabrício Carpinejar, nascido em 1972, conta que se "divertia nas distrações". Na infância em Porto Alegre (RS), não dependia de brinquedos. Aos sete ou oito anos, já brincava de fazer poesia com o que tinha ao redor.
"As mãos já eram fantoches com um pouco de luz. Transformava vozes em sirenes. Pegava os talheres de prata da gaveta da cozinha e produzia música nas garrafas. Os frascos de leite [que naquele tempo eram de vidro] assobiavam", diz o poeta, nascido em Caxias do Sul (RS).
Fabrício diz que foi "regente de uma orquestra de vidro". Ele conta que também vivia brincando no porão da casa. "O porão tinha a minha altura. O porão é uma casa criança."
Ele também ficava fascinado com árvores, que viravam brinquedos. "Eu retirava lascas dos troncos e fazia bonecos com canivete. Abria uma boca e dois olhos. Dava nome e data de nascimento. Queria completar um ano inteiro de aniversários. Parei no 250º dia quando meu pai cortou o abacateiro", lembra.