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Guerra de zarabatana

Encontro de família sempre rende ótimas brincadeiras. Ainda mais se a família for bem grande e, ao todo, somarem 64 primos! Esse é o caso da dramaturga Karen Acioly, que nasceu no Rio de Janeiro, em 1964.

"A gente se encontrava nas férias, na Bahia, no Rio ou em Brasília. E brincava muito de tudo: de teatro, de zarabatana, de todos os piques, de desfile de miss, de escravos de Jó... Era uma farra alucinante. E, de alguma forma, nunca saí ali da minha infância, a eterna fonte da vida."

Já com a turma do prédio, a brincadeira era guerra de zarabatana, uma espécie de canudo comprido pelo qual se arremessam setas, feitas de papel. "A gente convocava a vizinhança. Os prédios eram construídos muito perto uns dos outros."

As crianças ficavam a tarde toda se preparando para a "guerra". Faziam as zarabatanas com pedaços de papel e usavam cabos de televisão para atirar durante a batalha, que tinha hora e andar marcados. "Era tipo 18h, quando os pais ainda não tinham chegado [do trabalho], e a gente já tinha brincado o dia inteiro." Os síndicos e os porteiros dos prédios é que não gostavam nada, nada.

Comparando seu tempo de menina com a infância de hoje, a dramaturga diz que não há tecnologia que destrua as brincadeiras inventadas nem há violência que as roube. Ela conta que brinca até hoje. "O brincar, o brinquedo, as relações entre as pessoas, a gente aprende lá [na infância]."