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Chapa-branca

Moleque gosta de brincar na rua. Pelo menos era assim, quando as ruas eram mais seguras, tempos atrás. Foi dessa maneira a infância do cineasta Ricardo Dias, nascido em 1950, em São Paulo.

Ele jogava futebol, taco, bolas de gude, pião, andava de bicicleta e empinava pipa. Mas gostava mesmo era de brincar de chapa-branca.

"Talvez fosse uma brincadeira só da minha rua. Naquele tempo os veículos particulares tinham a chapa de cor amarela. Nos táxis, lotações e caminhões a placa era marrom."

Mas, afinal, que carro tinha a chapa branca? "Os veículos oficiais e os do serviço público. A expressão ‘chapa-branca’ vem daí. Um filme chapa-branca, uma TV chapa-branca, como uma coisa com cara de estar a serviço do governo."

O jogo era uma versão de duro ou mole. "Quando brincávamos na rua, se passasse um carro de chapa-branca e alguém gritasse ‘chapa-branca!’, toda a criançada tinha que ficar paralisada, na posição que estivesse, até que a pessoa que deu a ordem falasse ‘Livre’!"

Ricardo diz que a graça da brincadeira estava em olhar as posições de cada um na hora do congelamento. "Hoje seríamos todos atropelados."